Uma turma do jardim

segunda-feira, junho 19, 2006

Aparigraha - a teoria...

Aparigraha - não se apegar às posses materiais, não ter apego pelas coisas mundanas.

"A quinta norma ética do Yôga é aparigraha, a não-possessividade.
O yôgin não deve ser apegado aos seus bens e, ainda menos, aos dos demais.
Muitos dos que se “desapegam” estão apegados ao desejo de se desapegar.
O verdadeiro desapego é aquele que renuncia à posse dos entes queridos, tais como familiares, amigos e, principalmente, cônjuges.
Os ciúmes e a inveja são manifestações censuráveis do desejo de posse de pessoas e de objectos ou realizações pertinentes a outros.

Preceito moderador:
A observância de aparigraha não deve induzir à displicência para com as propriedades confiadas à nossa guarda, nem à falta de zelo para com as pessoas que queremos bem."

Extraído do Código de Ética do Professor de Yôga, “Faça Yôga antes que você precise”, Mestre DeRose.

Palestra sobre o Yoga Sutra de Patanjali

Yoga para a felicidade
Alice (Gouveia, 11 Jun06)


O sofrimento existe. Todas as pessoas sofrem. Mesmo os momentos de aparente alegria, no fundo são sofrimento. Existem dois tipos do sofrimento: o que está associado a problemas práticos que temos na vida e que podemos tentar resolver, e o restante, a insatisfação que persiste, mesmo após resolvermos todos os problemas. Buscamos sempre algo que já temos. Fazemos por ter mais do que já temos bastante!

Por vezes identificamo-nos com o sofrimento, e assim é impossível sairmos dele. Temos que nos dissociar do sofrimento. Ver o problema de outro ponto de vista. O yoga permite-nos uma dissociação do sofrimento.

Existem duas realidades:
Prakrti: Visível, é tudo o que conhecemos, desde a pedra aos pensamentos e emoções
Purusha: capacidade de observar (não utilizando a matéria!!); o observador, quando se medita (significado da palavra em sanscrito: felicidade, puro, consciência (observação apenas, consciência visual, consciência táctil, etc.)); existência absoluta, consciência absoluta, felicidade absoluta.

Como nos identificamos com o Prakrti não sabemos quem somos! Porque nós somos o Purusha, não a matéria.

O essencial do conteúdo do Yoga Sutra de Patanjali parece ser a identificação das Causas do Sofrimento e um método que nos permite evitar o sofrimento: o Yoga dos Oito Membros.

As cinco Causas do Sofrimento:
Ignorância: não sabemos exactamente quem somos, identificamos-nos com o que está à volta: corpo, roupa, casa, exterior,...
Ego: a ignorância leva-nos a pensar que somos o ego, a identificamos-nos com o ego (o conceito usual negativo de ego, uma imagem coerente e falsa, que nos isola e protege, que mostramos aos outros e a nós próprios: eu sou melhor que tu, importante,…).
Desejo: queremos ter à nossa volta tudo o que nos dá prazer, ânsia de querer.
Aversão: não queremos ter à nossa volta tudo o que nos faz sofrer.
Medo: de perder o que se tem, de vir a ter o que não se quer, e sempre da morte. O medo é a vibração mais baixa, e atrai todos os problemas. Temos que tentar acalmar os sentimentos, e sair deles (observá-los).

Estas são as razões que nos fazem agir, e mais cedo ou mais tarde acatamos as consequências (e.g. se despejámos ira em alguém vamos atrair ira sobre nós - energeticamente falando). A lei do karma significa que os efeitos produzidos pelas nossas acções negativas, por exemplo, geram uma cadeia de acontecimentos que vai acabar por nos afectar negativamente. Não existe um conceito de culpa envolvido, do género: vamos acabar por ter aquilo que merecemos.

O sofrimento que está para vir pode e deve ser evitado. Como? Tomando consciência das sensações; desenvolvendo uma visão clara; observando com recuo e frieza; descobrindo quem eu sou. Como evitar o sofrimento? Procurar o Purusha.

Para Patanjali é preciso cultivar um discernimento, para saber o que é o observador e o que não é, acompanhado de um apaziguamento. Para isso sugere a prática do yoga dos oito membros.

Yoga dos Oito Membros
1) Yama – disciplina, relação com o mundo exterior, relação com os outros
(a-himsa) não violência: abster-se; melhorar a outra pessoa, ajudar os outros.
(satya) veracidade: dizer a verdade, se não magoar. Se magoar, para melhorar a pessoa, senão ajudar é preferível omitir.
(asteya) não roubar, ser honestos, correctos. Para Patanjali nada justifica esta falha.
(brahmacarya) já foi interpretado como castidade. É um controle da sensualidade e essencialmente não usar e respeitar o outro.
(aparigraha) ser desapegado dos meus bens, ser generoso.

2) Niyama – autocontrole, relação com o mundo interior, relação connosco próprios
(shauca) pureza, limpeza, purificação mental.
(samtocha) contentamento.
(tapas) ascese, disciplina (práticas, pranayama, alimentação, pessoas com quem me dou, ambientes que frequento).
(svadhyaya) estudo, trabalho no conhecimento de nós próprios.
(Yshvara-pranidhana) capacidade de relaxamento: físico, relaxar em relação a um resultado, desapegar: “O homem é filho da acção, mas não é filho dos frutos da acção”, perceber que não conseguimos controlar tudo, na vida e universo há uma certa ordem, não é um caos. Devoção a Ishvara.

3) Ásana

4) Pranayama – controle da respiração.

5) Pratyahara – controle e trabalho com os sentidos.

6) Dharana – concentração.

7) Dhyana - meditação (a diferença é que na meditação não existe esforço de concentração).

8) Samadhi – êxtase, paz total inabalável, permanente.

Para ajudarmos o outro: O problema é do outro. Só voltando atrás, voltando a mim, é que consigo ajudar o outro.

O Purusha, não é bem o mesmo que a alma. É algo imutável e puro que sempre existiu, que por qualquer razão desconhecida, foi atraído para o Prakrti. Pode pensar-se que a alma é uma espécie de invólucro que contém o Purusha, mais qualquer coisa (o karma?). O Ishvara parece ser um Deus único existente na filosofia do yoga, que é monoteísta.


Eu, o Luís, acho que o seguinte. Independentemente de acreditarmos na existência de purushas e deus, isto parece-me tudo muito útil. Não me parece muito importante se acreditamos que existe qualquer coisa em nós que é pura e temos que descobrir, ou apenas que é possível agir sobre a mente, que depende do seu suporte físico, o cérebro e o corpo, tornando-a mais clara, tranquila e útil para nós e para os outros. Nem é preciso acreditar numa verdadeira essência da mente que é tranquila, pura, boa. Basta acreditar que há um potencial em cada pessoa, e que esse o caminho que mais beneficio nos trás. Seja o yoga do patanjali, o kundalini, a filosofia do Buda, do Jesus, pouco importa. O essencial é o mesmo, é na busca de paz interior, para diminuir a sempre presente insatisfação, no desenvolvimento de um interesse genuíno pelo bem estar dos outros (e não apenas para que gostem de nós), que se pode encontrar a alegria mais duradoura; todos queremos ser felizes, se a melhor maneira é contribuir para a felicidade dos outros então está tudo bem. O essencial é melhorar interiormente para poder ser melhor para os outros. Vivemos todos juntos, sofremos todos juntos, podemos melhorar todos juntos, o corpo, a mente, usando as técnicas do yoga. Além disso o yoga é fixe, sinto-me bem de cabeça para baixo e em muitas posições esquisitas e o yoga dá-me uma boa desculpa para fazer isso!


Apontamentos by Sofia e Luís

quarta-feira, junho 14, 2006

Satya or the non-violent speech

Finalmente alguns devaneios sobre Satya, o Yama que escolhi. No início atravessou-me o espírito que dizer a verdade ou viver em Satya consistisse obviamente numa atitude perante os outros de total honestidade o que por si só já daria pano para mangas. Depois ocorreu-me que pode acontecer dizerem-se coisas por verdades que são apenas mentiras repetidas infinitas vezes de nós para nós mesmos, e aí as coisas ainda dariam mais texto. Na verdade é preciso alguma mestria para não cair na tentação de nos convencermos de uma coisa que não é exactamente verdade mas que por alguma razão nos facilita a vida. A escolha deste Yama não foi aleatória; na verdade ao longo dos últimos anos tenho tido nítida consciência do meu percurso “nas escolhas das verdades ou não verdades”. Já cometi erros e fingi que não cometi, numa atitude de negação dos meus próprios actos; o desempenho era tão bom que acreditei que nada realmente se tinha passado! Quantas são as pessoas transparentes? As que mostram a verdade nua daquilo que são? Mas inevitavelmente um dia, tudo vem inconvenientemente à tona… “Podes-te esconder, mas não podes fugir”.
Mas o assunto vai muito mais longe... Ao afirmarmos algo como uma verdade categórica não estamos a viver em satya porque incorremos no risco de estarmos a julgar. Na verdade apenas podemos dizer aquilo em que acreditamos ser verdade e que no fundo não passam das nossas opiniões. Patanjali remete satya para uma atitude de discurso, ou seja, tudo se prende com a maneira como se dizem as coisas. Dizer esta “verdade” está umbilicalmente ligado ao 1º Yama, pois, e citando, “nenhumas palavras podem reflectir verdade se não fluirem de um espírito de não-violência”. Assim, a definição de Satya como um discurso de não-violência, parece-me a mim que abraça todos os pontos fundamentais: evitar a agressão nas palavras é primeiro não julgar, ter a humildade de entender que há outros pontos de vista para além dos nossos e que não há verdades universais e só depois emitir então as opiniões como observações; evitar a agressão das palavras é ainda construir um discurso para a bondade, pois não basta sermos verdadeiros, precisamos ponderar se aquilo que vamos dizer é construtivo, vai ajudar alguém ou se é útil de algum modo.
Enfim Satya é a atitude de assumir a verdade para nós mesmos e de usar as palavras de um modo construtivo para os outros. Ouvi algures que se deve meditar antes de pensar e pensar antes de falar para se usar sabiamente a palavra. Finalmente o “filtro triplo” de Sócrates para sublinhar a ideia:

Triple filter test

In ancient Greece, Socrates was reputed to hold knowledge in high esteem. One day an acquaintance met the great philosopher and said, "Do you know what I just heard about your friend?"
"Hold on a minute," Socrates replied. "Before telling me anything I'd like you to pass a little test. It's called the Triple Filter Test."
"Triple filter?"
"That's right," Socrates continued. "Before you talk to me about my friend, it might be a good idea to take a moment and filter what you're going to say. That's why I call it the triple filter test.
The first filter is Truth. Have you made absolutely sure that what you are about to tell me is true?"
"No," the man said, "actually I just heard about it and..."
"All right," said Socrates. "So you don't really know if it's true or not. Now let's try the second filter, the filter of goodness. Is what you are about to tell me about my friend something good?"
"No, on the contrary..."
"So," Socrates continued, "you want to tell me something bad about him, but you're not certain it's true. You may still pass the test though, because there's one filter left: the filter of usefulness. Is what you want to tell me about my friend going to be useful to me?"
"No, not really."
"Well," concluded Socrates, "if what you want to tell me is neither true nor good nor even useful, why tell it to me at all?"

terça-feira, junho 13, 2006

PARABÉNS BIGA MAGALI!!!!!


Hoje a nossa mais verdadeira flôr do jardim...a Margarida...faz aninhos!!! Muitos parabéns coisa linda! Dás côr e perfume às nossas vidas!
Beijo grande da Biga Bambolina!

quinta-feira, junho 08, 2006

Dharana - Focus on your goals

In one of the founding texts of yoga (the Yoga Sutra), we are given eight steps to move through on the path to bliss.
The sixth step is "dharana". Translated as concentration, this practice involves riveting your attention to a single focus. You've probably done this while watching a sunset or sunrise. Whether you are concentrating on an object of meditation or on holding a balancing pose steady, dharana helps you learn to focus on your goals. It is also a great way to de-stress and to find your center after a day that feels anything but focused.

If you're feeling scattered, make some time to practice concentration. Sit in a comfortable cross-legged position or relax on the floor on your back. Then pick something to concentrate on. It could be something you can see, like a candle's flame or a picture of a loved one, or something you hold in your mind's eye. Let everything else float away as you focus on that one thing. Your goal is to connect yourself to that image. Stay for three to five minutes and you'll return to your day feeling relaxed and renewed.

in Yoga Journal Daily insite, 7th July 2006

sábado, junho 03, 2006

Backup

Lembrei-me de fazer backup do blog. O blogspot não permite fazer isto directamente e sugere pôr tudo numa página e fazer save (vejam help).

Dá para guardar o conteúdo mas não para recuperar o blog! Já fiz uma cópia e por agora deixo assim para poderem fazer também (basta selecionar tudo, copy, paste no word, e guardar como web page).

Beijos e abraços.

quinta-feira, junho 01, 2006

"Inside you there is a soul which obeys no boundary and no limit. It is as pure and as bright as God "
- Yogi Bhajan-